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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Onde colocar o seu dinheiro

Onde colocar o seu dinheiro

Sete especialistas dão 18 conselhos para todos os bolsos e perfis de investidores

A crise financeira fez as bolsas de valores despencarem e tornou o preço das ações muito barato. Mas será que é hora de comprar ações? Ou é melhor investir em fundos, fazer aplicações em ouro ou comprar imóveis? Para explicar as vantagens e as desvantagens dos seis principais produtos financeiros, a você s/a ouviu sete especialistas que indicam alternativas para todos os bolsos e perfi s de investidores. “Invista onde você conhece, agora não é um momento para aventuras e apostas”, diz José Cláudio Securato, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) e professor da escola Saint Paul de Negócios, em São Paulo. Se você quer começar a investir agora ou quer redefi nir suas aplicações, deve prestar atenção às dicas dos especialistas.

Fique atento às notícias

Acompanhe o noticiário macroeconômico para descobrir oportunidades de investimento. A tradicional caderneta de poupança ameaça passar a perna nos fundos de renda fixa caso os juros, que estão em 11,25% ao ano, continuem caindo.

Diversifique seus investimentos

“Essa é a principal recomendação neste momento”, diz Marcos Crivelaro, especialista em matemática financeira e consultor independente de finanças pessoais.

Olho nos fundamentos

É hora de acompanhar dados das companhias de capital aberto com lupa, olhar cada setor e ficar atento às mudanças políticas. Tudo pode influenciar o mercado financeiro.

Negocie as taxas

Como as instituições financeiras estão disputando os clientes é hora de negociar taxas de administração, prazos e aplicações em mais de um banco ou corretora.

Ganhos passados não garantem rentabilidade no futuro

“Em ações é preciso ficar atento às empresas e analisar quem vai perpetuar. Distribuir a carteira entre renda fixa, variável e imóveis parece razoável”, diz André Salgado, diretor da Santander Corretora.

Reavalie seu perfil

As instituições financeiras associadas à Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) se comprometeram a fazer um levantamento minucioso do perfil do investidor antes de oferecer a ele qualquer produto. O levantamento começa a valer a partir de janeiro de 2010. “Teremos que definir as características do investidor por meio de um questionário”, diz Marcos Villanova, diretor da área de investimentos do Bradesco e presidente da Comissão de Distribuição de Produtos ao Varejo da Anbid.

Ele já diversificou

Alexandre Aoki, 41 anos

O engenheiro Alexandre Aoki começou a investir na bolsa e em imóveis há dois anos. “Peguei a euforia do mercado de ações”, diz. O diretor da GE Fanuc, divisão de plataformas da GE, comprou Petrobras e Vale e ganhou 70% de valorização entre janeiro de 2007 e maio de 2008. “Perdi dinheiro na crise, mas meu saldo ainda é positivo em 20%.” A perda de patrimônio fez Alexandre mudar suas estratégias de investimento. Recentemente, ele entrou no mercado de opções, fazendo operações casadas (compra e venda de opções) e protegendo as ações de possíveis perdas no futuro. No mercado de imóveis, ele comprou um apartamento de três quartos na planta para revendê-lo já valorizado quando estiver pronto, daqui a um ano.

O que ele tem?

Imóveis - 20%
Ações - 20%
Renda fixa - 60%

AÇÕES

Depois de quedas assustadoras nos últimos meses, os preços das ações começaram a se recuperar. A bolsa já subiu 10,45% neste ano, até 24 de março, e alguns papéis já recuperaram mais de 40% do seu valor. “O preço das ações ainda vai continuar oscilando, mas o espaço para novas quedas é muito menor”, diz Gustavo Cerbasi, consultor de finanças pessoais e colunista da você s/a. Apesar da tentação dos preços baixos, o investidor precisa ter muita habilidade e conhecimento para operar no home broker e participar de operações rentáveis, como o day trade, em que se compra e vende papéis no mesmo dia. Se não for o seu caso, opte por comprar papéis de empresas sólidas e ficar com eles por, pelo menos, quatro anos. “Ações como Petrobras, Vale e os papéis dos bancos estão entre os mais promissores”, diz José Cláudio, do Ibef.

DICAS

* Coloque apenas de 10% a 20% do seu dinheiro em ações. “O melhor é ser conservador, comprar e esquecer os papéis”, diz o consultor Marcos Crivelaro.
* Para diminuir os erros das operações no home broker, use informações de gráficos que cruzem dados de P/L (preço versus lucro da empresa).
* Prefi ra ações das empresas que atuam no mercado interno, pois elas devem compensar as possíveis perdas em outros países.
* Comprar Ibovespa (índice das ações mais negociadas) pode não ser um bom negócio. O índice é composto por várias empresas de commodities, que estão no centro da crise econômica global.
* Grandes companhias de alimentos, logística e bancos são boas opções de investimento, diz André Salgado, diretor da Santander Corretora.

IMÓVEIS

Imóvel é um investimento conservador, mas pode ser bastante atrativo já que os preços tendem a cair. “Tanto o preço dos imóveis residenciais quanto o dos comerciais deve sofrer uma depreciação nos próximos seis meses”, diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Eaesp-FGV (Fundação Getulio Vargas). É bom lembrar que os imóveis têm baixa liquidez — são difíceis de vender. Se mesmo assim você decidir adquirir um, os especialistas recomendam deixar entre 30% e 40% de seu dinheiro investido na poupança ou na renda fixa.

DICAS

* Na compra, opte pelo imóvel na planta — com maior desconto — e prefi ra apartamentos pequenos, mais fáceis de alugar.
* Aproveite os leilões de imóveis usados, que já vão mostrar a elevação dos índices de inadimplência no setor. Observe a obsolescência do imóvel, aqueles com mais de 20 anos têm preço muito baixo.
* O rendimento dos aluguéis fi ca entre 0,5% e 1% ao mês sobre o valor do imóvel, tanto para os residenciais quanto para os comerciais. “Há ainda o desconto de 27,5% de Imposto de Renda, a taxa de corretagem e a possibilidade de o imóvel ficar vazio, o que implica gastos de IPTU”, diz Fabiano Calil, sócio da Fabiano Calil Gestão de Riquezas, em São Paulo.
* Fuja do fi nanciamento. O ideal é comprar o imóvel à vista e vendê-lo só daqui a três ou quatro anos, quando os preços voltarem a subir.

POUPANÇA

Nos próximos meses, a caderneta de poupança poderá render mais do que os fundos de renda fixa. O governo já admitiu que vai rever as regras da poupança, para não provocar um desequilíbrio na indústria de fundos de renda fixa. Esses fundos usam como referência a taxa Selic, que está em 11,25% ao ano e pode ser reduzida ainda mais na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Se a Selic cair, a rentabilidade desses fundos também vai cair, provocando desinteresse do investidor. “Com a Selic em queda, a poupança pode ter rentabilidade melhor do que alguns fundos de investimento que cobram altas taxas de administração e têm cobrança de Imposto de Renda”, diz Marcos Villanova. Se o governo não mudar as regras de rendimento da poupança, o próprio governo não conseguirá mais emitir títulos públicos para se autofinanciar.

DICAS

* Para quem tem até 10 000 reais a poupança é a melhor opção.
* A poupança tem rentabilidade anual de cerca de 8% (taxa referencial mais 6% de juros), não tem cobrança de Imposto de Renda nem taxa de administração. “O risco da poupança é praticamente o risco- país”, diz José Cláudio, do Ibef.

Ele é arrojado

Daniel Carrasqueira de Moraes, 30 anos

Há oito anos, Daniel Carrasqueira de Moraes, gerente financeiro da Lavill, fabricante de quadros elétricos, negocia ações, investe em renda fixa e imóveis. Ele tem uma carteira considerada arrojada pelos analistas porque aplica 50% dos seus recursos no mercado acionário. “Antes eu aplicava mais em bolsa”, diz. Daniel gosta de ações de primeira linha, como Petrobras, Vale e BM&FBovespa, e small caps (companhias cujas ações são pouco negociadas), como Eternit. Do começo da crise para cá, Daniel perdeu cerca de 40%, mas ainda está em terreno positivo. “Vou continuar separando de 20% a 40% de minha renda mensal para ações.” Apesar de ter registrado ganho nas aplicações com DI, Daniel pretende migrar para o Tesouro Direto e comprar títulos prefixados do governo.

O que ele tem?

Imóveis - 20%
Renda fixa - 30%
Ações - 50%

FUNDOS DE INVESTIMENTOS

Os fundos mais badalados do momento são os multimercado. Eles são indicados para quem quer correr um pouco de risco, porque permite juntar ações, moedas e derivativos em uma única carteira. “O ideal é entrar em um fundo de capital protegido, que tenha parte das aplicações em derivativos e outra parte na bolsa de valores. Quanto mais diversificado for o fundo, melhor”, diz José Cláudio.Os fundos de previdência privada também são boas opções de investimento. Das sete modalidades negociadas no mercado financeiro, cinco tiveram rentabilidade acima de 10% nos últimos 12 meses. Os cobiçados fundos de ações só são recomendados para quem não precisa usar o dinheiro em menos de três anos.

DICAS

* Os fundos de investimento são indicados para quem tem mais de 10 000 reais.
* Não coloque mais que 50% do seu dinheiro nos fundos e aplique o restante em poupança e imóveis.
* Descubra o seu perfil e diversifique seus investimentos:
o Se você é conservador, coloque 70% do seu dinheiro em fundo DI; 25% em renda fixa (CDB e títulos públicos) e 5% em fundos multimercado.
o Se você é um investidor de perfil moderado, pode aplicar 60% da grana em fundos DI; 25% em renda fixa; 10% em multimercado e 5% em ações.
o Se o seu caso é o perfi l dinâmico, prefi ra investir 50% em fundos DI; 25% em renda fixa; 15% em multimercado; e 10% em ações.
o Se você é arrojado, pode colocar 40% do dinheiro em fundos DI; 15% em renda fixa; 5% em fundos de renda fixa com alavancagem; 20% em fundos multimercado e os 20% restantes em ações.

Ele está de olho no futuro

Rodolfo Ohl, 31 anos

O administrador de empresas Rodolfo Ohl é o típico investidor que foi fisgado como muitos pela avalanche de boas notícias sobre os ganhos com o mercado de ações. Ele sempre investiu em renda fixa, mas em janeiro do ano passado decidiu entrar na bolsa de valores. “Coloquei 50% do meu patrimônio em Petrobras, Vale, Banco do Brasil, Natura, Alpargatas e Bradesco”, diz. O problema é que no ano passado a bolsa despencou 42%. “Estou investindo no longo prazo, não vou mexer na carteira. Acredito que esses papéis serão os primeiros a se recuperar.” Nos próximos meses ele pretende comprar mais ações blue chips e migrar dos fundos DI para um CDB prefixado. “Não descarto a possibilidade de colocar 10% do meu dinheiro na poupança.”

O que ele tem?

Renda fixa - 50%
Ações - 50%

CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO

Muitos bancos ampliaram os juros pagos nos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) para aumentar o dinheiro em caixa. Quem ganhou foi o investidor. A partir de 5 000 reais já é possível investir em CDBs, mas o investimento só fica bom a partir dos 50 000 reais, quando o cliente pode negociar rentabilidade maior. “Os CDBs prefixados são melhores do que os pós-fixados devido ao declínio da Selic”, afi rma Marcos Crivelaro.

DICAS

* Os CDBs não sofrem a cobrança do come- cotas — imposto que incide semestralmente sobre os fundos de renda fixa, DI, multimercado e cambial. A tributação ocorre só no resgate da aplicação. “Deixe o dinheiro por pelo menos dois anos para que seja cobrado o menor Imposto de Renda”, diz Marcos Villanova, diretor de investimentos do Bradesco.

OURO

Os contratos de ouro negociados na BM&FBovespa não passam de oito quilos por dia — já foram toneladas. Mesmo longe do apogeu, as negociações triplicaram desde o início da crise entre os investidores que querem proteger seu capital. “Antes recebíamos de cinco a dez ligações por dia de clientes interessados em comprar ouro, hoje são 30”, diz André Nunes, presidente do Grupo Fitta, líder no mercado de ouro. A alta do dólar e a maior procura por ouro fizeram o preço do metal subir de 54 reais o grama, em setembro de 2008, para 68 reais no dia 24 de março deste ano, alta de 26%. “O metal pode subir mais 20% até o final do ano”, diz André.

DICAS

* O investimento mínimo é de 7 000 reais para comprar 100 gramas de ouro.
* O mercado tem baixa liquidez.
* Vale a pena para quem tem mais de 100 000 reais.

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