Posted:
09 Apr 2014 12:31 PM PDT
Há sempre uma discussão válida (mas cansativa!) sobre o que é ser rico, quem
é rico de verdade e como se deve definir riqueza. O fato é que tudo isso é
subjetivo demais para que alguém – eu, você ou quem quer que seja – simplifique
em uma fórmula qualquer. Gosto de pensar em um estilo de vida empreendedor, não
apenas em ser rico.
Por isso, sempre que me vejo envolvido em uma conversa sobre “Atingiu ou
não o sucesso financeiro?”, “Fulano é rico”, “Ciclano que é
milionário”, procuro observar o comportamento das pessoas que admiro, bem
como seus hábitos e a importância que dão ao dinheiro dentro de um contexto mais
amplo. O empreendedor é mais do que alguém viciado em dinheiro e ostentação.
A casa mais espaçosa ou o carro mais rápido não são aspectos que me
impressionam. Afinal, você já deve saber que R$ 1 milhão já nem é “tanto
dinheiro” assim. Sim, é muito, mas não tem o significado de outrora em termos de
poder de compra. Veja o que você mais deseja e comprove fazendo algumas
continhas. Rico é muito mais do que isso, portanto. Prefiro o termo
empreendedor.
10 coisas sobre empreendedores que você precisa saber
Bom, já que não pretendo me arriscar a desenvolver uma fórmula para definir
riqueza, proponho uma conversa sobre como agem aqueles que eu considero ricos:
empreendedores que equilibram muito bem patrimônio, trabalho, responsabilidade,
liberdade e família. Acompanhe mais sobre essa turma:
1. Eles trabalham muito
Sempre que eu falo isso, escuto que não importa o quanto você trabalha, mas
sua produtividade – eu sempre fico com a sensação de estar falando grego. Ora,
trabalho é trabalho e ele pode ser criativo, mental, intuitivo, braçal, envolver
deslocamentos, não importa. É a mente voltada para a importância do trabalho, do
esforço e da dedicação que interessa.
Como o tempo oferece as mesmas 24 horas para todos, logo percebe-se que os
empreendedores trabalham de modo inteligente, com assessoria de qualidade,
equipes de alto desempenho e suporte para suas decisões críticas. Não interessa
o momento, eles estão sempre prontos e preparados para trabalhar e criar novas
oportunidades (clique aqui para ler mais sobre isso).
2. Eles gostam de trabalhar
O item anterior provavelmente não chamou tanto a sua atenção, afinal de
contas já diz a sabedoria popular que “o único lugar em que o sucesso vem
antes do trabalho é no dicionário”, não é mesmo? Trabalhar muito é condição
básica para resultados diferenciados, você está certo! Mas, e gostar de
trabalhar?
Pois é, encontrar quem trabalhe muito e ainda assim esteja preocupado em
aperfeiçoar-se, inovar, testar novas soluções e arriscar-se em novos negócios e
oportunidades não é tão fácil. Durante qualquer jornada, é comum que algumas
atividades não sejam tão prazerosas, mas o trabalho envolve ter que realizá-las
para colher os resultados – os empreendedores aceitam isso.
3. Eles investem mais
Enquanto grande parte da população está preocupada com o que pode comprar
usando dinheiro que ganha, seja carro, casa, móveis, roupas e etc., os
empreendedores estão preocupados em como farão seu dinheiro se multiplicar e
gerar mais dinheiro, para só então ponderar sobre simples decisões de consumo.
Alguns exemplos? Eles abrem empresas; eles investem em negócios e parcerias; e
eles buscam alternativas à caderneta de poupança (saiba quais clicando
aqui).
Não que o conforto seja ignorado, mas ele é relativizado. O conforto é visto
como acessório para uma vida boa, não como parâmetro para defini-la. O padrão de
vida dos empreendedores provavelmente não é tão diferente do seu, mas a
tranquilidade conquistada a partir dos investimentos e da geração de renda
permite que, de vez em quando, seus sonhos de consumo sejam realizados sem
grandes traumas.
4. Eles amam a liberdade
Definir a própria agenda e construir sua rotina de maneira a priorizar o que
lhe é mais importante é um privilégio de poucos. Acontece que essa realidade não
existe por acaso, mas é fruto do estilo de vida mantido com determinação e
orgulho, sempre priorizando a criação das condições que permitem tal liberdade (clique aqui para ver como
fazem isso).
Há muita gente que julga a partir do estereótipo padrão do trabalhador,
aquela figura que precisa estar ocupada em horário comercial, fechada em um
escritório, a base de salário e com uma mesa repleta de “serviço”. Quanta
ingenuidade. Sugiro sempre que as pessoas passem algum tempo acompanhando a
rotina de um empreendedor – serão muitas as surpresas percebidas.
5. Eles são generosos
A noção de que recebemos na mesma proporção do que oferecemos não é só pano
de fundo para livros de autoajuda. Ao me aprofundar nas histórias de vida de
meus mentores, percebi que todos eles, sem exceção, mantém projetos voluntários
e contribuem sempre com a comunidade onde estão inseridos (bairros, associações,
escolas, cidades etc.).
O entendimento principal é de que a experiência só tem valor se puder ser
compartilhada e transformada em ponto de partida para novas experiências. Esse
desprendimento exige caráter nobre, uma vez que significa abdicar de tempo
produtivo próprio para tornar o outro melhor e mais produtivo. O ponto é que
isso cria laços impressionantes, e a partir deles muitas oportunidades.
6. Eles têm tempo para as pessoas
Lidar com as pessoas é uma arte que aprecio nos líderes que acompanho de
perto. A consciência de que suas histórias são recheadas de personagens os torna
humildes o suficiente para dedicar-se também a outros projetos de vida. Os
empreendedores sabem ouvir e tratam as pessoas com educação, gentileza e
cordialidade. Eles sabem que dependem muito mais delas do que de qualquer outra
coisa.
Há um chavão empresarial que diz que “os ativos mais importantes das
empresas são as pessoas, não seus produtos”. O discurso e os muitos
“especialistas” nisso certamente viraram modinha porque ignoramos a parte
essencial em qualquer negócio: o relacionamento. Ora, um mundo sem as pessoas
simplesmente não é viável.
7. Eles são otimistas e correm riscos
O medo é um sentimento comum a todos os animais, mas o ser humano leva isso
muito a sério. Os empreendedores costumam demonstrar que são tão medrosos quanto
os demais, mas decidem agir apesar do medo. Eles pagam pra ver e são mais
ousados quando nem todas as consequências de uma decisão podem ser
previstas.
Risco é uma palavra bem intrigante. Se há risco de dar errado, há também
risco de dar certo. O problema é carregar o risco de medo e pessimismo, uma
mistura paralisante e que gera ansiedade e angústia. Empreendedores tendem a ser
mais otimistas com suas próprias chances de sucesso, e assim lidam melhor com
seus medos e fracassos. Clique aqui para ler mais sobre tolerância a riscos.
8. Eles têm opinião própria
Há por ai uma legião de imitadores, gente que vive na tentativa de “emular”
ou “fazer parte” tentando ser quem não é. Confesso que não consigo entender
muito bem essa história de andar com roupa igual e de seguir determinadas regras
sociais associadas ao consumo. Imita e vive a vida dos outros aquele que não tem
nada demais para expressar, e isso é triste!
Os empreendedores são diferentes no sentido de que arcam bem com os
desdobramentos das suas escolhas. Seu jeito de se vestir pode significar não
trabalhar em determinada empresa? Ok. Seus horários de trabalho mais produtivos
não são compatíveis com a CLT? Ele abre seu negócio. Atenção para não confundir
isso com rebeldia! Estou falando de gente que faz, que paga suas contas e não de
adolescentes de 40 anos (clique aqui para ler a polêmica sobre
isso).
9. Eles têm prioridades e foco
Experimente perguntar a alguém “Onde você se vê em 5 anos? E em
10?”. Puxe uma cadeira. A resposta não é simples, muito menos fácil e vai
demorar a sair, pois tem relação direta com o estilo de vida levado hoje em dia.
Se o rumo não interessa, então o tempo diante da TV e a ausência nas reuniões de
negócios propostas por colegas não farão muita diferença.
O empreendedor é alguém mais sensato e consciente de suas capacidades. Essa
autoconfiança permite que ele trace metas pessoais e profissionais mais
palpáveis, e logo passe a persegui-las (e atingi-las) com afinco. Prioridade diz
respeito ao que é mais importante para você neste momento; foco significa
dedicar-se a isso acima de tudo. Prioridades são pessoais; foco é atitude (clique aqui para ler um
artigo sobre isso).
10. Eles também fracassam
Depois de tanto ler sobre empreendedores, são grandes as chances de você
achá-los seres impossíveis, infalíveis e bons demais para serem “de verdade”.
Nada disso! Eles também erram. Aliás, por arriscarem-se mais vezes, eles erram
muito mais do que a maioria das pessoas.
A ideia que virou empresa, que depois fracassou; a mudança de carreira que
implicou na “perda” do prestígio profissional; a ruptura com um sócio por
divergências na condução dos negócios; a mudança de cidade, tudo isso incomoda,
gera sentimentos e sensações positivas e negativas. Empreendedores vivenciam a
dor e a frustração em níveis mais altos que a média, mas fazem isso por opção (leia mais sobre fracasso aqui).
Conclusões
Se, depois deste texto, você concluir que empreendedores são “seres de outro
mundo”, então eu errei “na mão”. Minha proposta é demonstrar justamente o
oposto: nenhum grande modelo de líder sabe explicar exatamente o que fez para
chegar onde chegou, afinal trata-se de uma trajetória íntima, baseada em
valores, atitudes e comportamento. Não há fórmula!
Ou seja, empreendedores que você admira são pessoas comuns, repletos de
dilemas, problemas familiares, rusgas profissionais e sonhos. A diferença talvez
resida na maneira resiliente que eles decidem aplicar em cada uma de suas
tentativas de ir além de seus limites.
Para complementar, sugiro que dê uma lida na lista de 3 Atitudes Capazes de Mudar Sua Vida Financeira (clique aqui).
A lição mais valiosa talvez seja também a mais óbvia: o valor maior está
na tentativa, no esforço, não no sucesso em si (ele sempre passa!).
O que achou dessa lista de características dos empreendedores? Podemos
aumentá-la? Deixe sua opinião no espaço de comentários abaixo. Obrigado e um
abraço.
Foto “Business man and ocean”,
Shutterstock.
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Este artigo foi escrito por Conrado
Navarro.
Educador financeiro, tem MBA em Finanças pela UNIFEI.
Sócio-fundador do Dinheirama, autor dos livros "Dinheiro é um Santo Remédio"
(Ed. Gente), “Vamos falar de dinheiro?” (Novatec) e "Dinheirama" (Blogbooks),
autor do blog "Você Mais Rico" do Portal EXAME e colunista da Revista InfoMoney.
No Twitter: @Navarro.
A reprodução deste
texto só pode ser realizada mediante expressa autorização de seu autor. Para
falar conosco, use nosso formulário de
contato. Siga-nos no Twitter: @Dinheirama
|
Posted:
09 Apr 2014 06:00 AM PDT
Por Gustavo Chierighini (@GustavoChierigh), fundador da Plataforma Brasil
Editorial.
Caro leitor, o título deste artigo reflete um dos mais sábios e antigos
ditados da economia popular. De fato, quem investe mau, acaba por investir muito
mais do que pretendia – este é o solene preço das más escolhas. Aqui não há
perdão, é meritocracia de investimentos em estado bruto.
Trata-se, sem nenhuma dúvida, de uma lei atemporal. Ela já era conhecida
durante o império romano e permanecerá em vigor enquanto não inventarem a
máquina do tempo. Mais do que isso, sua amplitude para analogias é extensa, e é
nessa extensão que navegaremos nas próximas linhas.
No mundo da dinâmica e das trocas econômicas, as consequências das más
escolhas sempre são acompanhadas da sua fatura, mais gordas ou mais magras, a
depender do tamanho da bobagem – uma simples relação proporcional.
O caso da política brasileira
Uma forma eficiente de garantir uma parruda fatura para o futuro é o
exercício disciplinado da alienação política da classe empresarial/produtiva.
Quanto maior for o distanciamento das questões públicas e do inerente jogo
político envolvido – em especial aquelas com impacto macro e microeconômico
direto –, mais salgado será o preço a pagar.
Calma, não se trata da defesa de um exercício de influência que submeta todas
as questões públicas ao mundo privado. Tampouco funciona a subserviência total e
o abandono das arenas de discussão e disputa.
Exemplos práticos associados a nossas políticas
Experimente observar com cuidado o complexo legal, recentemente atualizado,
que aborda as condições de trabalho que caracterizam o crime de exploração da
escravidão no Brasil. O empresário ficará espantado em como é fácil se
encontrar, direta ou indiretamente, envolvido com este delito, ainda que ele lhe
pareça ser “coisa de novela”, de exceções, mau-caratismo empresarial ou de
livros de história.
Outra boa dica é acompanhar o processo de alteração do endereço fiscal de uma
empresa. Na grande maioria das cidades brasileiras, este processo leva
aproximadamente noventa dias. Em alguns lugares pode levar seis meses. Por que
será?
O que vem “de cima”?
Deixando um pouco de lado a burocracia que aparentemente torna-se maior e
mais complexa a cada ano, bem como a legislação cada vez mais hostil para quem
produz, acredito que a raiz dos problemas encontra-se no universo da grande
política nacional (aquela que é semeada em Brasília e nos estados mais
proeminentes).
Nos últimos dias, cansei de ler sobre o baixo impacto nos mercados diante do
rebaixamento na classificação de risco da Standard & Poor’s
(clique aqui para entender o caso). Também fiquei um tanto intrigado com o
desdém governamental sobre o assunto (afinal, quem não se lembra do ufanismo
oficial quando recebemos o grau de investimento da mesma agência de
classificação?). Precisávamos disso?
Ainda não estamos enfrentando o racionamento de energia, ok, mas
adicionando-se à problemática do alto custo das termelétricas (uma fatura por si
só, e que não tardou a chegar), o Ministério das Minas e Energia já admite a
possibilidade de uma “redução voluntária”, mas destaca que não será nada
compulsório. Precisávamos disso?
Não vou abordar a novela envolvendo a compra da refinaria de Pasadena e nem
da perda de valor de mercado da maior empresa brasileira e seu impacto direto
nos ânimos da dinâmica do nosso mercado de capitais (isto é assunto para outro
artigo). Convenhamos, isso tinha que acontecer?
Escuto também que a economia ainda assim reage, que muitos investimentos
estão sendo mantidos e que novos ainda estão chegando (até quando não sabemos!).
Tudo bem, isso não é negativo, e na verdade não creio em nenhuma hecatombe no
horizonte. Mas não poderia ser muito melhor? Há quem acredite em desemprego daqui a pouco (clique e leia mais).
Vamos continuar comprando errado?
Neste cenário de desalento e de avaliação governamental em queda, leio e
observo o burburinho ainda discreto, mas crescente, nos universos produtivo e
político-aliado, de que o caminho a seguir seria uma correção dos rumos,
potencialmente encabeçada por outro candidato do mesmo grupo e que obviamente
compartilha das mesmas crenças.
É mesmo essa a melhor compra que podemos fazer? E a frase do título, você já
esqueceu? Quem compra errado, compra duas vezes. Eu já até escrevi sobre como podemos deixar essa coisa de emergentes de lado, clique aqui para
ler.
Para concluir, penso que já passou da hora de nossa classe empresarial e do
mundo corporativo começar a enfrentar nossos problemas reais, tomando posição
com coragem e recusando compras e apostas com resultados duvidosos. Não conheço
nenhuma outra receita para receber faturas mais magras no futuro. Obrigado e até
a próxima.
Foto “Rough day”, Shutterstock.
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Este artigo foi
escrito por Plataforma Brasil.
A Plataforma Brasil Editorial atua como
uma agência independente na produção de conteúdo e informação.
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